Um procedimento inovador para o Hospital Dom João Becker e para Gravataí. O exame com a utilização de “cápsula endoscópica” foi realizado pela primeira vez no município.
Ingerido sem necessidade de sedação, internação ou preparo mais complexo, o moderno equipamento percorre o sistema digestório, capturando de duas a seis imagens do intestino delgado por segundo, permitindo um diagnóstico preciso. É como se o paciente estivesse engolido um simples comprimido para dor de cabeça.
Criada em Israel e em atividade desde o início dos anos 2000, a cápsula endoscópica vem se tornando uma importante alternativa para o diagnóstico de enfermidades que dificilmente são percebidas pelos métodos convencionais.
“Ela é eficaz na detecção de diversas doenças do intestino delgado, como sangramento gastrointestinal, úlceras, tumores, inflamações e outras anomalias”, comenta o chefe do serviço de endoscopia do Hospital Dom João Becker, José Renato Hauck.
O médico foi o responsável pela execução do primeiro exame do gênero em Gravataí, ocorrido recentemente no HDJB em um paciente de 82 anos, morador de Glorinha. De acordo com Hauck, a principal diferença da cápsula em relação a outros equipamentos tradicionais é o seu formato e método de utilização.
Ela é do tamanho de uma pílula e contém uma câmera de vídeo de alta resolução, luzes LED e bateria. Ao ser ingerida pelo paciente, percorre todo o trato gastrointestinal, registrando imagens que são transmitidas sem fio para um dispositivo externo.
“A cápsula endoscópica é geralmente mais confortável que uma endoscopia, não requer sedação e não apresenta riscos de perfuração ou desconforto associados aos procedimentos convencionais. Podemos indicar em qualquer faixa de idade, em situações nas quais um eventual sangramento não tiver origem identificada pela endoscopia digestiva alta e colonoscopia”, afirma o gastroenterologista.
Para a direção do Dom João Becker, o procedimento inovador é mais uma demonstração de que hospital segue com a sua política de tornar o serviço de saúde ainda mais qualificado.
“Sabemos que esse é um exame que tem um custo elevado e ainda é ofertado apenas por alguns planos de saúde e de maneira particular. No entanto, ao trazê-lo para Gravataí, estamos oferecendo mais comodidade ao paciente, pois ele não precisará se deslocar para Porto Alegre para ter seu diagnóstico”, afirma o diretor técnico do HDJB, Fernando Issa.
Para fazer uso da cápsula, o paciente necessita estar em jejum de 12h, associado ao uso de um laxante. Após a ingestão, o equipamento inicia a geração de imagens, se adequando ao movimento do trato digestório do paciente.
O intestino delgado de uma pessoa adulta tem em média de quatro a sete metros de comprimento.
A bateria dura de oito a doze horas, podendo gerar cerca de 200 mil imagens, que são salvas de maneira remota em um gravador portátil externo que fica junto ao paciente.
O próprio software auxilia o médico, usando de inteligência artificial, fazendo uma pré-seleção das imagens com interesse diagnóstico. “Buscamos os índices mais acurados em nossa análise e a cápsula endoscópica é o que nos permite chegar mais próximo disso”, completa Hauck.