Em uma carta aberta comovente, a tia de Maria Eduarda, Elenara Souza Duarte, deu voz à jovem que foi vítima de feminicídio no último sábado (24), em Gravataí.
A tia escreveu a carta em primeira pessoa, como se fosse a própria Duda. O texto relembra os sonhos, a doçura e a intensidade de uma vida interrompida, e transforma a dor da perda em um apelo forte por justiça. O suspeito de cometer o crime fugiu da cidade no dia do crime e foi preso por policiais civis da DEAM na manhã desta terça-feira (27), na casa de sua irmã em Goiânia, no estado de Goiás, conforme noticiamos aqui.
Segue abaixo na íntegra a carta Aberta de Maria Eduarda Duarte Costa – Um grito por justiça: “Oi! Aqui é a Duda. Talvez você me conheça como Maria Eduarda Duarte Costa. Talvez só tenha cruzado comigo uma vez. Mas se você já dividiu um sorriso, um bom dia, ou até mesmo um silêncio ao meu lado, você sabe: eu era feita de amor.
Fui intensa desde sempre. Quando eu amava, era com tudo. Quando sonhava, era alto. Quando ria, ria com o corpo todo. Tinha pressa de viver, como se soubesse que meu tempo aqui seria curto demais.
Quem me conheceu de verdade sabe: eu era daquelas que se emocionava com as pequenas conquistas da vida. Recentemente, tirei minha habilitação de moto — e nossa, como eu vibrei! Cheguei em casa saltitante, com o papel nas mãos, gritando: “MÃE, EU CONSEGUI!”
Para muitos, pode parecer pouco. Para mim, era o início da liberdade, da independência, da realização. Eu queria estudar, trabalhar, crescer, viajar, cuidar da minha família. Sonhava com uma vida plena, cheia de significado.
Sempre fui carinhosa, amiga, daquelas que abraçam forte. Amava os animais — eles sentem a energia da gente, e com eles eu era inteira. Onde eu passava, deixava um rastro de gentileza. Eu era da paz, do acolhimento, daquelas que preferem resolver tudo com conversa, com empatia, com escuta.

Mas tudo isso foi tirado de mim. Fui assassinada. Não tive chance de me defender. Fui vítima de um ato brutal, covarde, cometido por quem dizia me amar. Não. Um assassino. Ele não apenas tirou minha vida — ele tentou calar a minha história, meus planos, minha intensidade. Mas não vai conseguir.
Porque agora, eu sou voz na luta por justiça. Eu sou a saudade que grita no coração da minha mãe.
Sou os abraços que não dei. Sou os sonhos que ficaram no meio do caminho. Por isso, eu te peço: não se cale por mim. Se você me conheceu, me viu crescer, ouviu minha risada, ou simplesmente se comove com a minha história, compartilhe esse pedido de justiça. Quero acreditar que estão investigando.
Minha família está de luto, sim, mas também está de pé, clamando para que esse crime não passe impune. Não deixem minha história ser esquecida. Guardem o meu nome com carinho, mas lutem com coragem.” Diz a carta.